A minha psicóloga citou em uma sessão os memes que viu sobre “adulto premium”, em que as pessoas falavam que eram adultas, mas, os seus pais, por exemplo, eram adultos premium, e só eles sabiam resolver certas coisas, ou só eles possuíam coisas específicas.
O pack do adulto premium seria: tem uma caixa de ferramentas — e sabe usá-las; maneja sem medo a panela de pressão; troca pneu; troca o botijão de gás; vai sozinho no hospital quando precisa ir pra emergência. etc.
“Eu quero ficar velho, eu quero tudo que eu não fiz.”
Eu constantemente, nas minhas sessões de terapia e nesta newsletter, coloquei à prova o meu título de adulta. Meio que criei esse canal porque isso era mesmo uma questão pra mim e eu queria pensar mais sobre, ouvir meus amigos sobre, queria me convencer do que, no fundo, eu já sabia que era. Adulta mesmo.
Agora um contexto: no último mês dos meus 26 anos eu saí da casa dos meus pais. Estou há uma semana morando sozinha em um apartamento e não achava que os sentimentos nessa nova fase seriam tão confusos. Mas ainda é cedo pra elaborar mais sobre isso.
“Eu quis mudar e isso implicava em deixar para trás meu chão, meu conforto, o certo, a paz. Eu fui à procura de mais.”
Sem entrar no mérito da mudança, mas reconhecendo que ela foi/tem sido importante nesse processo, já tem um tempo que não me questiono mais, nem nas sessões de terapia e nem por aqui.
Talvez por isso tenha passado meses sem escrever, talvez por isso eu fique um pouco perdida quando penso sobre o que escrever numa página que eu decidi chamar de “Adulta Impostora” sendo que não tá sobrando muita oportunidade pra encontrar a impostora. Na verdade, tem um bom tempo que ela simplesmente sumiu.
E nessa nova realidade de morar sozinha eu me deparo com um monte de coisas-de-adulto que eu não sei, mas que ao mesmo tempo não me fazem voltar àquele questionamento (ainda bem), mas ao mesmo tempo seria ótimo se eu aprendesse o quanto antes a fazer feijão na panela de pressão.
“Slow down, you’re doing fine. You can’t be everything you wanna be before your time.”
Mas eu acho que da mesma forma que não ter a panela de pressão não me faz ser menos adulta, tem certas coisas que nem o adulto mais adulto se acostumou a viver.
Até o adulto que declara imposto de renda um mês antes do prazo deve ficar com a perna bamba quando, por exemplo, o amor pede uma segunda chance. Ou terceira. Até os 60+ se frustram quando as coisas não acontecem como eles queriam. Talvez passem por isso com mais resiliência, sim, mas a frustração é inevitável. O medo de arriscar também.
Enquanto houver o próximo passo, haverá frio na barriga. Ser adulto — ou envelhecer — deve ser esse ciclo de desbloquear uma série de novos medos.
“Inevitavelmente você vai sofrer de novo, quando quebrar a cara e depois rir do próprio engano.”
quero dizer que estou no caminho
Faço playlist pra quase tudo, e não poderia ser diferente com a mudança. São dessas músicas as citações que coloquei ao longo do texto.
Não consigo encerrar sem agradecer demais a quem ainda lê isso aqui. Me conta nos comentários uma skill de adulto premium que você quer desbloquear PRA ONTEM.
Um beijo, até a próxima.
dirigir e manejar ferramentas com destreza. e ainda acho que, nesse caso, vou estar aceitando apenas a alcunha de adulto pleno, pois disso pro sênior "é mais quinhentos", como diria mainha.
Mais superficialmente queria dirigir e menos superficialmente queria aprender a me levar a sério