Aquela pontada no peito, aquela dor fina ao respirar fundo. É gases ou infarto.
O incômodo ao deitar, a dificuldade pra dormir, como se tivesse uma faquinha entre as costelas. Dormiu mal, perdeu a hora, passou 5 minutos procurando o crachá que já estava dentro da bolsa que havia separado para usar.
O desejum foi um biscoito e meio copo de água gelada. No final da manhã, uma empada de frango. Dor de cabeça. Fingiu não ser com ela. Mas a faquinha continuava ali a cada puxada de ar. Tem que ser gases. Que infarto dura mais de 12 horas?
A hora do almoço é na ala de emergência. É claro que justo nesse dia não colocou o kindle na bolsa. Pai, mãe, tô bem, vou avisando. Sem querer gastar a bateria do celular, ficou atenta à TV que chamava os pacientes.
Classificação, guichê, consultório. Os dois primeiros foram rápidos. Mas até ver o seu nome sendo indicado para a terceira etapa foram duas horas de dor de cabeça mais forte, mulher vomitando na sala de espera e uma sinfonia de tosses e espirros atingindo todas as frequências possíveis.
A fila preferencial tão grande quanto a regular, a cabeça agora latejando, o vômito laranja que continua no chão. Tudo isso pro médico me passar um luftal.
Na hora de descrever a dor, já nem sabia mais o que falar. A pontada que era no peito foi pro pescoço, mas o peito ainda incomoda. Ah, e nas costas, mas bem em cima. Não, mais pra cima. Aí!
É muscular.
O infarto já tinha sido descartado na triagem, e não é gases. É muscular. Finge que entende, não acha que precisa mesmo entender. Tem músculo em todo canto do corpo, certo? Então tá, dor muscular.
Volta pra casa com a receita e o atestado, mas ainda tem reunião de trabalho no final do dia. Responde as colegas preocupadas que o incômodo continua, mas que está bem. Porém, não era gases, como suspeitava. É muscular, compartilha o diagnóstico.
Uma delas, afirmando já ter tido a mesma dor, o combo peito + costas + pescoço, diz isso é refluxo. Se não passar até amanhã, depois das primeiras doses do relaxante muscular, pode ficar certa.
Não é gases, nem infarto, nem muscular. Tá com cara de refluxo.
É, pode ser.
Meu primeiro perrengue de doença/hospital morando só virou essa crônica curtinha e eu tô pensando em trazer mais textos nesse formato pra cá. Me diz nos comentários o que você acha. :)
Um beijo, até a próxima!
como mulher hipocondriaca me senti contemplada demais por essa