Estou escrevendo em 24 de outubro de 2022, último dia dos meus 24 anos. Quando enviei a primeira newsletter, em 5 de novembro de 2021, tinha acabado de completar essa idade, que parecia me empurrar pra vida adulta porque já não é tão “vinte e poucos” assim.
Contando com esse, são 13 textos que compartilhei ao longo do último ano. 13, que é o número da sorte de Taylor Swift. O 10º álbum de estúdio de Taylor, Midnights, foi lançado há menos de uma semana, dia 21 de outubro, com 13 faixas. 13 também é o número que vamos apertar na urna no próximo dia 30 na esperança de que o pesadelo comece a acabar. Eu me sinto uma pessoa mais séria quando cito vários números, mesmo que as informações não tenham relação entre si.
Nesses 12 meses, insisti nos mesmos dilemas mais do que gostaria e expus meus amigos sem pedir permissão (mas também sem citar nomes). Usei esse canal para falar sobre a minha relação com os meus pais, com o Tinder, mas principalmente com a impostora que me habita.
A um dia de completar 25 anos, quis escrever aqui mais pelo marco da data que por ter algo a dizer. Acho que já falei como faz parte de mim, até demais, isso de ver significado nas coisas, enxergar o que abre e fecha cada ciclo. De certa forma, acabei resumindo nesses e-mails as noias, desejos e pautas de terapia que tive dos primeiros aos últimos dias do meu 24º ano. Gostei disso.
O problema sou eu
Agora eu vou fazer o que toda fã de Taylor Swift fez de forma incansável nos últimos quatro dias: argumentar sobre como as músicas novas se encaixam perfeitamente no momento em que EU estou vivendo, portanto, foram feitas sob medida para MIM.
É provável que eu perca a única chance de usar a letra de A Palo Seco na legenda do post de aniversário que vou fazer amanhã. Primeiro, porque não sou um esquerdomacho escuto Belchior. Segundo, porque o trecho “I have this thing where I get older but just never wiser” descreve melhor a minha atual situação do que “tenho vinte e cinco anos de sonho e de sangue e de América do Sul”.
Em Anti-hero, terceira música do Midnights, Taylor coloca um holofote nas suas inseguranças. Dando nome à maioria delas, confessa como em tantos momentos elas se tornam gigantes, controladoras, más.
Diferente dos vilões do cinema, não é possível derrotar a figura inimiga para se livrar do mal que ela causou, já que essas inseguranças são pedaços dela mesma. E aí, ao mesmo tempo em que conta como é afetada por isso, ela assume que é também a responsável.
“Eu tenho essa coisa de ficar mais velha, mas nunca mais sábia”, “Eu encaro diretamente o sol, mas nunca o espelho” e “Eu não deveria ser deixada por conta própria / Isso vem com preços e vícios / Eu acabo em crise”, são outras formas que Taylor Swift encontrou para dizer “oi, o problema sou eu :D” nessa música.
O lado não-pessimista desse pensamento, eu imagino, é quando se assume que esses males não vão simplesmente sumir, já que estão entranhados na gente, então o jeito é aprender a lidar com eles.
Esse costuma ser também o ponto do processo terapêutico (pelo menos tem sido assim pra mim) em que determinada questão deixa de ser só remoída para começar a ser tratada. É o ponto do reconhecimento, entender de onde vem para, aí sim, traçar a rota que parece melhor.
Nesse processo de poucas etapas eu me perco um monte, dou várias voltas e pausas, já que ninguém me engana melhor que eu mesma e é cansativo sempre torcer pela impostora.
Só existe um álbum possível
A indicação de Midnights está implícita desde o segundo parágrafo deste e-mail, mas não custa reforçar. ✨Escutem Midnights✨ e me contem o que acharam.
Percebi esses dias que nunca recomendei outras newsletters por aqui, então vou começar deixando duas que não deixo de abrir:
“tem alguém aí?”, de Carol Miranda, é uma das que mais gosto. Carol, se não me engano, é socióloga, mas conheci o seu conteúdo na época em que ela tinha um canal sobre literatura no YouTube. Os textos da newsletter são despretensiosos de um jeito que eu amo, são as questões que ficam na cabeça dela depois de ver/ler algo, quase sempre misturando com as suas memórias. Acho que não tem periodicidade certa, o que me faz aproveitar mais cada vez que chega o e-mail.
A “Newslenta”, de Christian von Koenig, é mensal. O nome já diz, não é aquele e-mail que vai chegar com um resumo das últimas novidades. Os assuntos são mais mastigados, as perguntas não necessariamente vêm com respostas. Eu adoro o texto de Christian e também curto acompanhar os perfis do Linkedin (pois é) e do Twitter.
Passou quase um ano de Adulta Impostora, com alguns meses de hiato para ser fiel ao adjetivo, mas ainda chegando com alguma frequência nas aba de promoções do seu e-mail. Peguei gosto de parar pelo menos uma vez por mês para escrever aqui, mais pelas conversas que os textos acabam gerando do que qualquer outra coisa. A quem chegou e continua, obrigada. <3
Emília
Eu amo essa conversa de conexões, e sim tem músicas que são feitas para nós e estamos lá. Feliz ano novo, mila!
Sabiiiiiia que ia ser sobre o álbum de Taylor Swift. (Sei nem se escrevi o nome da póbi correto)