"Você está muito longe de casa" foi a frase que ficou rodando na minha cabeça naqueles dias, e nem foi por causa da música chiclete da Copa, que não parava de aparecer no TikTok, é que o Rio de Janeiro de fato foi o lugar mais distante que já fui até agora.
Não cheguei nem a ficar uma semana por lá e se tivesse uma cartilha dos pontos mais tradicionais para se visitar na cidade, eu teria chegado perto de gabaritar. Cristo Redentor, Pão de Açúcar, Escadaria Selarón, praias de Copacabana, Ipanema, Leblon, Parque Lage. Eu quis a experiência completa, como se precisasse dar check várias vezes na mesma meta. Consegui, consegui, consegui.
Essa foi a minha primeira viagem de avião. Fiquei no assento da janela. ✅ Senti frio na barriga quando decolou. ✅ Tirei foto da cidade pequenininha lá de cima e das nuvens de pertinho, a coisa mais linda que já vi. ✅ Aceitei o lanche salgado e o doce que me ofereceram no voo. ✅ Assisti um filme do catálogo gratuito da companhia aérea. ✅ Xinguei São Paulo vista de cima. ✅ Reclamei do atraso do segundo voo. ✅ Li, se muito, três páginas do livro que escolhi especialmente para levar na viagem. ✅
Eu sou capaz de contar muitas coisas que senti nesses poucos dias longe de casa e a maioria delas tava acontecendo do lado de dentro. Parcelei os custos dessa viagem desde fevereiro e ela sempre me pareceu tão distante. Quando foi chegando perto, a ficha não caía, até que na noite anterior eu me toquei que precisava arrumar a mala. Consegui.
Minha vontade de ter experiências novas, de ser mais vivida, talvez seja proporcional ao tanto que sou medrosa em relação a tudo que não conheço. São muitos filtros que vou colocando, muitos “tem certeza?” que reduzem, sem eu nem perceber, as primeiras tentativas. E aí, talvez por isso, muitos dos meus primeiros passos em qualquer coisa foram “tarde”, alguns ainda nem aconteceram.
Na primeira edição dessa newsletter, que é tosca como a maioria das primeiras tentativas, eu falei sobre nunca ter viajado de avião e me estendo por alguns parágrafos falando a mesma coisa de formas diferentes: como sou obcecada pelo conceito da pessoa vivida. Obcecada porque, provavelmente, esse conceito sempre vai estar acima do que tenho alcançado.
Mas no mundo ideal, no qual eu não me comparo com Maisa Silva, essa primeira viagem de avião aos 25 anos foi uma conquista pra mim, uma coisa grande na minha história comigo mesma. E outras coisas, que vão chegar ainda mais tarde, também serão.
O Diário da Impostora
Eu tinha receio que essa newsletter se parecesse mais com um diário que com qualquer outra coisa, já que inevitavelmente os assuntos são sobre a minha própria vida e eu fico me expondo a troco de nada pra quem nem perguntou.
Não tenho mais esse pensamento porque comecei a escrever um Diário De Verdade nas últimas semanas e me dei conta de que é muito diferente do que faço aqui. A última vez que mantive um caderninho secreto pra escrever coisas de mim pra mim mesma foi há pelo menos 10 anos e dei umas travadas quando tentei retomar o hábito agora.
Não tem pra quê me preocupar se o que escrevi com a intenção de ser uma piada não tem graça, não existe um leitor. Não importa se o período tá muito longo ou se repeti demais a palavra "que" na mesma frase. Se ninguém vai ler, quais são os critérios? Simplesmente não tem critério e isso me deixa perdida, tipo redação com tema livre na época da escola. Em algumas situações, eu sempre vou preferir que existam limites, que eu saiba pra onde devo ir.
Ganhei de presente de aniversário de uma amiga um caderno muito bonito. Brochura, capa dura, papel pólen, folha grossinha e sem pauta, fitilho, elástico pra fechar. Aquele que não pode ser usado pra anotar qualquer coisa. A única utilidade especial pra um caderno bonito que me veio à mente foi a de um diário.
É óbvio que não faço um registro todos os dias, tô encarando na base do “vou escrever quando der vontade”, e nessa história já passei algumas semanas sem tocar nele. Como se sabe o que é pra ser material de diário e o que é só um pensamento que vai passar e não vai voltar?
Tem dias que nem lembro dele, mas tem outros que quero tanto escrever mas não tenho noção do que colocar ali naquela página tão limpinha. Me lembra um pouco das aulas de física, quando eu tinha a fórmula mas não fazia ideia de como aplicar numa questão. Fico confusa na maior parte do exercício, mas no fim me consolo porque pelo menos tentei.
Continuo insistindo nele porque é intrigante (e bom pra levar pra terapia) ver o que sai de mim sem os filtros que costumo colocar só porque vai existir algum destinatário. Mesmo que sejam amigos próximos, mesmo que seja a anja da minha psicóloga. Na verdade, é escrevendo no diário que tô percebendo em que situações esses filtros aparecem, e é quase sempre. Poucas coisas que considero externar de alguma forma não passam por um crivo, mínimo que seja, só pra checar se não tô passando do ponto, seja lá o que isso signifique.
O mundo precisa de João Gomes
Se os stories de João Gomes não me fizerem sorrir algum dia, nada mais vai.
Tem palavra de conforto, versículo bíblico, avós fofas, tem “obrigado Jesus por tudo!!! Até amanhã, se Deus quiser!!! ❤️🙏🏻” toda noite. Tem ele, o menino que ganhou Música do Ano no prêmio Melhores do Ano, se deslumbrando com absolutamente todas as coisas que a fama proporciona. Deslumbrando no melhor sentido da palavra, de ficar nervoso porque vai aparecer no Domingão ou com sorriso besta porque tirou uma foto com William Bonner. E mais recentemente: tem João Gomes apaixonado!!!!!
Eu nunca achei que fosse amar tanto um homem que usa calça jeans com chinelo, mas a vida tem dessas. Obrigada, Serrita, por esse presente.
Tá entregue a última do ano. Depois do Natal, pra eu não ter que falar nada muito nobre, e antes da virada do ano, pra ninguém esperar alguma novidade. Por aqui não vai ter rebranding. Até 2023. <3
meu deu vontade de começar um diário também hehehhe. feliz ano novo! <3
A menina que nasceu com o dom de escrever qualquer coisa que vai ficar bacana…tá aí perdida, sem saber por onde começar a escrever ? (No diário) Só vai, amiga. To aqui pra ler tudinho. Feliz Ano Novo. Te leio paruano.