Em algum dos e-mails que escrevi no início do ano eu falei sobre estabelecer ou não metas para o novo ano. Chegando praticamente na metade de 2022, achei que era um bom momento para revisitar as minhas, que nem cheguei a escrever, mas que foram só três e, como imaginei, de fato não as esqueci.
O número reduzido foi justamente para simplificar a hora de rever cada ponto e me avaliar, mas não foi bem assim. Com quase seis meses passados, concluí que estou na metade do caminho das três metas. Nenhuma 100%, mas também nenhuma ainda no zero. Tenho três metas meio resolvidas. Acabei de dizer a mesma coisa de três formas diferentes. Enfim.
De primeiro me consolei com o pensamento de que “pelo menos estou tentando”. Dos três lugares que desejo chegar e não estava fazendo nada a respeito, eu não cheguei em nenhum deles, mas estou mais perto de todos. Quarta vez explicando a mesma conclusão. Vou tentar sair desse ponto.
Penso que o que me deixava no ponto de partida sem nunca sair era mais medo do que qualquer coisa. Penso que eu não me via chegando lá no fim, então pra quê entrar na corrida?
Daí a decisão do início do ano foi não ficar parada se houver a possibilidade de me movimentar, mesmo que seja pouco. É chato quando num jogo de tabuleiro, toda vez que você lança o dado, ele mostra um número baixinho. Mas se fosse dada a opção de se recusar a andar só uma casa, afinal que absurdo esse número tão baixo, vou esperar a minha próxima chance de lançar a sorte e torcer pela oferta de um grande movimento. Bom, esse é um pensamento burro. Todo mundo concorda que andar uma casa é melhor que não andar.
Sempre vai ter aquele amigo que está com sorte e tira cinco ou seis pontinhos o tempo todo, ele desponta na frente, o tabuleiro não deixa dúvidas, e ele sempre está com um sorriso no rosto. Por outro lado, ninguém comemora quando o dado mostra dois pontos. Mas como não é possível reduzir ~a vida a uma metáfora simples, mesmo que exista um jogo de tabuleiro chamado Jogo da Vida, eu topei treinar a comemoração dos movimentos menores, ou simplesmente entender que eles são movimento.
Eu ainda não enxergo os meus pequenos movimentos de 2022 me levando pros meus lugares-meta. Eu queria me ver dando movimentos mais expressivos, dignos de comemoração imediata, mas esses não vieram e pode ser que não venham.
Lembrar que os grandes movimentos são só uma das formas de atravessar o caminho.
Zodíaco
A minha prima Bebel que mora em Brasília veio passar o mês aqui em Recife. Ela deve ser uns 15 anos mais velha que eu e a gente não se fala com tanta frequência, mas sempre que ela vem, tento estar por perto porque adoro conversar com ela.
Numa dessas saídas, no meio de uma conversa sobre as pessoas da nossa família, ela me pergunta “qual é mesmo o teu signo, Milinha?”
— Sou escorpiana.
— Signo de água. E teus pais?
— Mainha é de Touro, meu pai eu não sei. Oito de setembro é…
— Teu pai é virginiano! Eita!
Eu digo que não entendo bem coisa de signo, acho legal o papo, mas não é algo que eu acredito. Peço pra ela me traduzir o “eita”.
— É que seus pais são de signos de terra, e tentam segurar você, que é de água.
E ficou rindo, como se alguma coisa tivesse feito sentido pra ela de repente. E eu senti um pouco disso também, mas não de ter achado uma explicação, e sim a minha metáfora.
Eu amo metáforas, elas são parte do meu estilo breguinha de expressão, vide as comparações do jogo de tabuleiro com a vida que fiz no primeiro texto. Eu sei do limite de gastar uma metáfora que poderia ser até boa, mas foi tão explorada, explicada, virou breguíssima em segundos. Eu sei e assumo os riscos.
Eu pensei em pesquisar mais a respeito do que é ser do signo de água e ser de signo da terra, enriquecer minha metáfora, atribuir mais personagens, quem sabe, usar os outros elementos, onde eles estão? Já se viu que não é difícil perder a mão na metáfora.
Mas eu não pesquisei, fiquei só martelando e repetindo que sou de água e eles de terra. Os dois são terra, mas eu sou água. Eu posso passar por eles, eles podem se comportar sob mim; tem como a gente estar misturado, depende da circunstância, mas tem também como ficar separados. Talvez mais bonitos separados, estando cada um mais plenamente em sua essência. Mas úteis quando misturados, sempre de olho na medida exigida de cada parte para dar liga.
Pouco importa se não acredito na influência dos astros, mas me apego fortemente a significados, e essa coisa dos nossos extremos, meu e de meus pais, ainda não tinha figura que a representasse. Agora tem.
Pronto, adultas, acho que é isso. Sei que dei uma voada no fim, foi porque tomei zolpidem ali no começo do segundo texto. O primeiro eu estava sóbria, a breguice não precisa de substâncias estranhas pra se manifestar por aqui, mas hoje assumo que foi demais. Faz parte.
Três coisas me roubaram o tempo de sono nos últimos dias, como se já não bastasse a própria insônia.
Pra quem não quer se comprometer com mais um entretenimento a longo prazo: o podcast A Mulher da Casa Abandonada, de Chico Felitti, e a minissérie Em Casa com os Gil, que tá no Prime Video. O podcast tá no terceiro episódio, tendo cada um 30 minutos em média. Sai episódio novo toda quarta. A série dos Gil tem só cinco capítulos, cada um com mais ou menos meia hora também. É lindo de sair lagriminha sorrindo pra TV.
Pra quem tem tempo e disposição de se envolver por alguns meses, acompanhe Pantanal, pelo amor de Deus. Eu sigo falhando em me manter atualizada, mas é boa demais pra deixar de lado.
Um beijo,
Emília
Fiquei curiosa sobre a questão dos signos. Vou ali dar uma pesquisada. 😌
Oi amiga, eu amei essa referência dos signos, fui até olhar o dos meus pais para também estabelecer a minha relação com meus pais. Obrigada por sempre escrever